01/09/2008

FRANCIS FORD COPPOLA

O diretor, produtor e roteirista Francis Ford Coppola, é considerado por muitos como um cineasta de "veia artística", e como artista, não segue padrões cinematográficos. Ou seja, às vezes ele acerta, e às vezes, não.

Em mais de 40 anos de carreira, realizou obras que entraram para a história do cinema (como os dois primeiros filmes da saga O Poderoso Chefão - The Godfather, 1972 / 1974), e outras que chegaram a levá-lo à falência financeira (como O Fundo do Coração - One From The Heart, 1982). Apesar disso, sua credibilidade como cineasta manteve-se firme.

Com origem ítalo-americana, sua família é composta de artistas que o influenciaram, ou seguiram sua tradição.

Sua filha, Sofia, iniciou a carreira fazendo pequenos papéis em seus filmes, até ficar conhecida como Mary Corleone, filha de Michael Corleone (Al Pacino) em O Poderoso Chefão Parte III. Mas o reconhecimento artístico de Sofia veio como diretora e roteirista de As Virgens Suicidas (The Virgin Suicides, 1999) e Encontros e Desencontros (Lost in Translation, 2004) pelo qual recebeu o Oscar de Melhor roteiro original, além de resgistrar um marco como a primeira mulher indicada ao Oscar de Melhor direção.

Mais tarde, assumiu papéis mais significativos em Cotton Club (1984) e Peggy Sue, Seu Passado a Espera (Peggy Sue Got Married, 1986).

Francis Ford Coppola estudou cinema na UCLA (University of Southern California). Nesse período, fez vários curta-metragens, alguns até pornográficos.

Após Dementia 13, Coppola ficou conhecido como cineasta e passou a receber propostas para direção.

Caminhos Mal-Traçados (The Rain People, 1969) teve a colaboração do amigo de faculdade, George Lucas, e em seu elenco, atores que viriam a trabalhar com Coppola em outros filmes como Robert Duvall e James Caan.

Em 1969, junto ao parceiro e amigo George Lucas, Coppola fundou o American Zoetrope Studios em São Francisco. O primeiro projeto da dupla foi a ficção-científica THX 1138 (1971), dirigido por Lucas e estrelado por Robert Duvall.


Coppola ganhou um Oscar em 1971 pelo roteiro de Patton, mas sua reputação de cineasta se estabeleceu como diretor de O Poderoso Chefão (The Godfather, 1972).

Baseado no bestseller de Mario Puzo (adaptado pelo próprio junto com Coppola) o filme narra a saga criminosa da família Corleone em Nova York nas décadas de 40 e 50. Em seu elenco estelar, destacam-se Marlon Brando, Al Pacino, Robert Duvall, James Caan e Diane Keaton.


Gene Hackman é um sofisticado profissional da espionagem que entra em crise ao descobrir a finalidade escusa do trabalho para o qual foi contratado. Hackman declara ser este, um de seus filmes preferidos.


Coppola adaptou o roteiro de O Grande Gatsby (The Great Gatsby, 1974) a partir do livro de F. Scott Fitzgerald. Mesmo com astros como Robert Redford e Mia Farrow no elenco, o filme foi um fracasso de público e crítica. Mas seu projeto seguinte viria a ser outro marco na história do cinema.

O Poderoso Chefão Parte II (The Godfather Part II, 1974), dá sequência à história da família Corleone, agora com Michael (Al Pacino) como o chefão mafioso. Além dos atores originais, Coppola convidou Lee Strasberg, famoso fundador do Actor's Studio, e o jovem Robert De Niro.

Martin Scorcese sugeriu a Coppola a escalação de De Niro para interpretar o jovem Vito Corleone. O roteiro (novamente adaptado por Coppola e Puzo), narra paralelamente a ascenção de pai e filho ao poder no crime organizado em suas respectivas épocas.

Assim como seu predecessor, O Poderoso Chefão Parte II foi um grande sucesso de público e crítica, registrando o marco de ser a única sequência vencedora do Oscar de Melhor filme. Coppola também foi honrado com os prêmios de melhor diretor e roteiro adaptado.

Após o sucesso dos filmes do Chefão, Coppola iniciou a produção de um antigo e ambicioso projeto.

Além disso, Coppola ainda não tinha credibilidade suficiente para realizar o filme. Mas após os Oscars e o retorno comercial dos Chefões, tudo mudou.

Tendo filmado várias produções nas Filipinas, Roger Corman ofereceu o seguinte conselho a Coppola: "NÃO VÁ!".

Coppola sempre usou música para reforçar a história. A trilha-sonora original de Apocalypse Now, foi composta por seu pai, Carmine Coppola, adaptada num estilo eletrônico-progressivo. O filme também inclui a canção The End, da banda de rock dos anos 60, The Doors, além de Cavalgada das Valquírias, de Richard Wagner, usada como tema da Air-Cav, e executada através de caixas-de-som acopladas aos helicópteros durante um ataque à uma vila vietnamita.

O lançamento do filme foi adiado várias vezes, e ganhou o apelido de "Apocalypse When?" (Apocalypse Quando?) da imprensa, que criticava constantemente a postura artística de Coppola, que por sua vez, quase foi à falência junto com a American Zoetrope. Em sua estréia no Festival de Cannes, o filme foi igualmente aclamado e odiado pela crítica, mas venceu a Palma de Ouro. Com o tempo, ganhou notoriedade como um cult-classic.

"Em princípio, todos os filmes de guerra passam uma mensagem anti-bélica quando descrevem os horrores de um conflito, sendo o mais penoso, a perda de vidas humanas. Mas no caso, meu maior interesse ao examinar este conceito a partir da temática de Heart of Darkness, em que uma sociedade é capaz de enviar assassinos para matar em nome de um ideal moralista."

Em 2001, Coppola lançou Apocalypse Now Redux, restaurando várias cenas cortadas da versão original de 1979, aumentando sua duração para 200 minutos.

Clique na imagem abaixo para acessar o site Apocalypse Now Files, e conheça mais sobre esta obra revolucionária.


Depois do inferno que atravessou para realizar Apocalypse Now, Coppola pretendia fazer um filme menor, mais voltado à música. No entanto, a veia artística do cineasta falou mais alto, e novamente, Coppola se viu no meio de mais uma desgovernada super-produção.

Em termos de bilheteria, o filme também naufragou. Seu custo inicial foi estimado em US$ 2 milhões, mas a insistência de Coppola em construir a cidade de Las Vegas em estúdios, elevou o orçamento à casa dos US$ 25 milhões. Seu faturamento total foi de apenas US$ 600 mil, resultando na falência financeira do cineasta.

Segundo Coppola, seus filmes lançados no restante dos anos 80, e muitos da década de 90, foram feitos com o intuito de quitar as dívidas adiquiridas nessa super-produção.

Em 1983, Coppola lançou dois filmes baseados na obra da escritora S. E. Hinton: Vidas Sem Rumo (The Outsiders) e O Selvagem da Motocicleta (Rumble Fish).

Filmados simultâneamente, os filmes marcaram o início da carreira de vários astros do cinema, como Matt Dillon, Mickey Rourke, Nicholas Cage, Patrick Swayze, Rob Lowe, Emilio Estevez, Ralph Macchio e Tom Cruise.

Vidas Sem Rumo também se destaca por sua trilha-sonora original, composta por Carmine Coppola, que inclui a canção Stay Gold, baseada num famoso poema de Robert Frost, e interpretada por Stevie Wonder.

Além de Matt Dillon e Mickey Rourke, o elenco de O Selvagem da Motocicleta também contou com Dennis Hopper e outros futuros astros, como Nicholas Cage, Diane Lane, Chris Penn e Lawrence Fishburne.

A narrativa visual do filme é composta por fotografia em preto-e-branco bem contrastada, e o uso de processo cinematográfico esférico, com referências à Nouvelle Vague francesa e ao expressionismo alemão.

Sua originalidade se completa através da trilha-sonora composta por Stewart Copeland, ex-baterista da banda The Police. Esta foi a primeira trilha de Copeland que, multi-instrumentista, criou a música de vários outros filmes, como Wall Street (1987), de Oliver Stone.


O filme foi vaiado em sua estréia no Festival de Nova York. Grande parte da crítica o considerou descaracterizado em relação ao estilo visual. Apesar disso, O Selvagem da Motocicleta é hoje visto como um clássico pelos críticos, e junto a Touro Indomável (de Martin Scorsese) foi classificado como um dos melhores filmes dos anos 80.

Coppola e Mario Puzo colaboram mais uma vez no roteiro de Cotton Club (1984), que tem Richard Gere como um trompetista de jazz envolvido com os mafiosos que frequentavam a notória casa de shows do Harlem na Nova York da década de 30.


Os filmes seguintes de Coppola foram projetos pessoais, de pouca significância em sua filmografia.

Despretencioso, Peggy Sue marca o primeiro sucesso comercial de Coppola desde Apocalypse Now.

O filme teve um tímido lançamento, críticas negativas e uma fraca bilheteria. Para piorar, Coppola ainda teve que lidar com a trágica morte de seu filho, Gian-Carlo.


Uma das cenas mais inspiradas do filme mostra o encontro de Tucker com o exêntrico magnata Howard Hughes (Dean Stockwell), dentro de um enorme hangar que abriga o protótipo do avião Hércules. Também perseguido por interesses governamentais, Hughes ajuda Tucker em sua empreitada revolucionária.



Coppola e Puzo encerram a trilogia da família Corleone com O Poderoso Chefão Parte III (The Godfather Part III, 1990), onde Michael tenta legalizar os negócios da família, mas é novamente obrigado a tomar os caminhos criminosos.

Com a excessão de Robert Duvall, o elenco original está de volta. Duvall não conseguiu chegar a um acordo sobre um valor para voltar ao personagem Tom Hagen, meio-irmão de Michael, e "consiglieri" da família. O ator pleiteava uma quantia semelhante à de Pacino, mas os produtores recusaram, substituindo-o pelo personagem B.J. Harrison (George Hamilton), novo advogado dos Corleones.

A música original foi composta por Carmine Coppola, e além dela, o filme apresenta árias da ópera Cavalleria Rusticana de Mascagni, da qual Tony participa na cena final.



Na Transilvânia, Vlad Dracul Terceiro, um cavaleiro romêno da sagrada Ordem do Dragão, conhecida como Draculea, prepara-se para batalha. Sua noiva, Elisabeta, a quem ele preza mais do que qualquer outra coisa na vida, sabe que ele enfrentará uma força devastadora, e que provávelmente, jamais retornará.

Vitorioso, Dracul retorna aos seus domínios e encontra sua amada Elisabeta morta, tendo cometido suicídio após um falso relato da morte do marido em combate. Na visão do Cristianismo, Elisabeta cometeu um pecado que condenará sua alma eternamente.
Irado pela desgraça, Dracul devasta sua capela e num ato de blasfêmia, renuncia a Deus, prometendo erguer-se de seu túmulo para vingar Elisabeta com os poderes das trevas.

Este é o prólogo de Drácula, de Bram Stoker (Bram Stoker's Dracula, 1992), adaptado fiélmente por Coppola a partir da obra original escrita em 1897.

O elenco também inclui Winona Ryder (Mina Murray), Keanu Reeves (Jonathan Harker) e Anthony Hopkins (Van Helsing).Assim como O Fundo do Coração, Dracula também foi totalmente rodado em estúdios, criando uma atmosfera fantasiosa, que nos remete aos filmes de terror do início do século passado. Os efeitos especiais também seguem essa linha, resultando num visual clássico e elegante.
Dois anos após Dracula, Coppola produziu (mas não dirigiu) uma adaptação de outro clássico do horror: Frankenstein, de Mary Shelley, dirigido e estrelado por Kenneth Branagh, e com Robert De Niro no papél do monstro.

Coppola ainda dirigiu mais dois filmes na década de 90:

O filme teve tímida performance nas bilheterias, comparado à outras adaptações de livros de Grisham.

Uma década se passou sem que Coppola fizesse outro filme.

No fim de 2007, Youth Without Youth (sem título em português) chegou aos cinemas com lançamento limitado.


Tetro (2009) foi filmado em locações na Espanha, Buenos Aires e Patagônia. A história narra os conflitos de uma família de artistas imigrantes italianos na Argentina através de gerações. O elenco internacional inclui Vincent Gallo, Maribel Verdú e Carmen Maura.

"O cinema de autor é uma experiência emocionante. É como apresentar um questionamento o qual você não pode responder diretamentamente. Ao fim do processo, quando o filme está pronto, pode-se ter uma idéia inicial da proposta. Minha intenção era realizar um filme emotivo e as coisas que mais me tocam são pensamentos sobre minha família e principalmente, meu pai."

Cinco vezes premiado com o Oscar, Francis Ford Coppola também é proprietário de uma vinícula, da revista Zoetrope All-Story, hotéis, restaurantes e, acima de tudo, junto aos amigos Steven Spielberg, Martin Scorsese, Brian De Palma, e George Lucas, é membro de um seleto grupo conhecido como "The 70's Movie Brats".


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