01/09/2008

CHRISTOPHER NOLAN

O trabalho do diretor, escritor e produtor inglês, Christopher Jonathan James Nolan, geralmente apresenta um estilo narrativo não-linear na abordagem de temas psicológicos. Uma influência direta de seu ídolo, Stanley Kubrick. Também costuma dispensar o apoio de uma segunda-unidade, supervisionando cada tomada pessoalmente.

Na infância, Nolan interessava-se por botânica até achar a velha camera Super-8 do pai. Aos sete anos de idade, sua diversão era filmar histórias com seus heróis de brinquedo.Já na década de 80, enquanto estudava literatura inglêsa na Faculdade de Londres, realizou vários curta-metragens com estudantes da área de cinema. Alguns foram exibidos na PBS (Public Broadcast Service) e em festivais. Nesta época, encantou-se com o clássico sci-fi noir, Blade Runner, de Ridley Scott, admirando sua complexidade visual detalhista.

Nos anos 90, Nolan fundou sua própria produtora, a Syncopy Films, pela qual lançou todos os seus filmes (exceto Amnésia e Insônia). Seu título deriva do termo "syncope", que significa uma breve perda de consciência.



O sucesso de Following, levou a Newmarket Films a investir no roteiro do projeto seguinte de Nolan.

Baseado no conto Memento Mori, escrito pelo irmão de Christopher, Jonathan, Amnésia (Memento, 2000) narra a tragédia de Lenny (Guy Pearce), um investigador de seguros em busca de vingança contra o homem que estuprou e matou sua esposa após agredí-lo violentamente.Lenny sofreu uma lesão cerebral conhecida como amnésia anterógrada, que impede a criação de novas memórias, aprisionando-o no tempo. A pesar disso, ele não desiste de sua vingança, mesmo sabendo que não se lembrará dela.

Dormer sente-se entorpecido e confuso, características marcantes do "estilo Nolan" vivido pelos personagens de todos os seus filmes e compartilhado pelo público.

Famosos pela qualidade de suas produções, o diretor Steven Soderbergh (Traffic, Erin Brockovich) e o astro George Clooney, associaram-se aos produtores, ajudando na viabilização do orçamento estimado em US$ 46 milhões.

O time de produtores trouxe Nolan para o projeto, que por sua vez, conseguiu reunir no elenco, três atores agraciados pela Academia: Al Pacino (Perfume de Mulher, 1993), Hillary Swank (2 vezes premiada: Meninos Não Choram, 1999 e Menina de Ouro, 2004) e Robin Williams (ator co-adjuvante por Gênio Indomável, 1998).

Segundo os críticos, Insônia é um dos raros casos em que o cinema americano apresenta uma boa adaptação de um filme europeu. Além da crítica, Insônia também agradou as platéias mundiais, faturando mais de US$ 114 milhões.

Escrito por Nolan e David S. Goyer, Batman Begins (2005) retoma o personagem desde sua origem, numa linguagem mais adulta, dramática, bem distânte da série anterior iniciada com sucesso por Tim Burton em 1989 e encerrada com o fiasco de Joel Schumacher em 1997.

Desde o início, Christian Bale foi a escolha principal para interpretar o Homem-Morcego. Segundo Nolan, "ele apresenta o equilíbrio perfeito entre luz e sombra que procurávamos". David Goyer declara que "alguns atores dariam um ótimo Bruce Wayne, outros, um ótimo Batman, mas Christian Bale conseguiu reunir estas diferentes personalidades com perfeição".
aNo ótimo elenco, também participam:
Batman Begins apresenta inovações no design criado por Nathan Crowley e fotografado por Wally Pfister.
Buscando inspiração no clássico sci-fi Blade Runner (1982), a equipe criou novos conceitos visuais para Gotham City com elementos de Nova York, Chicago e Tokyo.

O Batmóvel mistura elementos de tanques modernos, Hum-Vee militares - veículos de combate vistos em ação no Iraque - com os "monster-trucks".É equipado com motor V8, robustos pneus dianteiros de corrida na lama, pneus traseiros de tratores 4x4, sistema de suspensão dos potentes Baja Racing Trucks, e uma poderosa turbina traseira alimentada por 6 tanques de propano.Com ótima recepção da crítica, Batman Begins estreou em mais de 3.800 salas (incluindo 55 com sistema IMAX), tornando-se o blockbuster desejado por Nolan. Com faturamento de US$ 373 milhões, o filme ficou abaixo do Batman dirigido por Tim Burton em 1989 (US$ 411 milhões). Mas isso foi apenas o começo.


Passado na Londres do século XIX, O Grande Truque (The Prestige, 2006), é um thriller de mistério onde os ilusionistas Robert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale), tornam-se obssecados rivais em busca do truque indecifrável máximo.

O Grande Truque tornou-se mais um sucesso de crítica e público de Nolan, faturando US$ 109 milhões nas bilheterias e recebendo duas indicações ao Oscar pela fotografia de Wally Pfister e pela direção de arte de Nathan Crowley, ambos colaboradores frequentes do diretor.


Em seu lançamento, O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008) causou tremendo impacto sobre a crítica e o público, sendo amplamente aclamado como a melhor adaptação dos quadrinhos para o cinema.

Com uma abordagem mais cinemática e um clima ainda mais pesado que o anterior, a história envolve tramas políticas, tragédias pessoais e conflitos existêncialistas sem final feliz.

Christian Bale retoma o personagem, que dessa vez, enfrenta seu mais perigoso inimigo: o Coringa, um psicopata ousado e brilhante que se sobrepõe aos mafiosos do crime organizado deflagrando a anarquia e o caos, chegando a manter Gotham City inteira como refém.

Na cerimônia do Globo de Ouro de 2009, Christopher Nolan recebeu o prêmio de melhor ator co-adjuvante em nome de Ledger. O mesmo aconteceu no Oscar, que também prêmiou Heath Ledger póstumamente.

Ainda sobre o elenco, além de Michael Caine (Alfred), Gary Oldman (James Gordon) e Morgan Freeman (Lucius Fox), Maggie Gyllenhaal substituíu Katie Holmes como Rachel Dawes, assistente do destemido promotor Harvey Dent (Aaron Eckhart), que terá sua alma corrompida por uma tragédia, tornando-se o famigerado Duas-Caras.

Segundo os roteiristas, a premissa básica do filme é a ascenção da anarquia em um grande centro urbano. Gotham City encontra-se vulnerável, e seus cidadãos responsabilizam Batman pela instauração da violência, da corrupção, e do surgimento de figuras ameaçadoras como o Coringa.

Essa conjuntura leva o herói ao limite enquanto se esforça para seguir o princípio de que fazer justiça com as próprias mãos, levará Gotham à degradação total.

Durante o filme, o Coringa cria várias situações que obrigam Batman, Gordon e Harvey Dent a encarar dilemas éticos impossíveis. No fim, toda a fundação moral construída pelo mito Batman, encontra-se ameaçada.


O estrondoso sucesso de O Cavaleiro das Trevas nas bilheterias ultrapassou a cifra de US$ 1 bilhão - na época, terceiro filme a atingir este marco, após Titanic (1997) e O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei (2003).Depois do fenômeno de O Cavaleiro das Trevas, Hollywood esperava um filme ainda mais revolucionário de Nolan. A espectativa geral, era que seu projeto seguinte fosse reverenciado até por aqueles que torceram o nariz para a melhor adaptação do Homem-Morcego no cinema. E assim foi. Enquanto os grandes estúdios infantilizavam cada vez mais seus lançamentos de verão, a atitude do cineasta inglês ao realizar um thriller psicológico inteligente e adulto, foi no mínimo, corajosa.

O filme talvez seja o primeiro thriller de assalto de Hollywood com uma bagagem pesada, carregada pelo mundo subconsciente de Sigmund Freud mas com o passaporte carimbado de Ian Fleming. Enquanto escrevia o roteiro, Nolan buscou inspiração na obra de Jorge Luis Borges. O anime japones Paprika (criado pelo falecido Satoshi Kon em 2006), também é citado como referência.

Complexo e ambíguo é a melhor maneira para se descrever a história que se apresentava como um árduo desafio para ser concretizada. Mas esta é a especialidade de Nolan. Com desenvoltura, ele tem conseguido aliar narrativas complexas, multi-facetadas, transformando-as num tipo de entretenimento engajante.



Este questionamento existencialista sobre tempo e espaço sempre fascinou Nolan, refletindo-se em seu método narrativo não-linear. Seu primeiro filme, Amnésia (2000), é um grande exemplo desse aspecto. Autor do roteiro original de A Origem, Nolan tem sido comparado como o equivalente cinematográfico de mestres do gênero literário como William Gibson e Phillip K. Dick.


Na ficção de Nolan, acessar e manipular sonhos, tornou-se uma atividade essêncial e muito rentável para as grandes corporações que utilizam os serviços de profissionais do inconciente, e neste traiçoeiro jogo de espionagem corporativa, Dom Cobb (Leonardo DiCaprio) é o melhor ladrão de mentes. Um especialista na arte da extração de informações preciosas, escondidas nas profundezas do inconsciente durante o sono, quando a mente se encontra mais vulnerável.

Contudo, a habilidade que o tornou um profissional requisitado, também fez dele um fugitivo internacional, levando-o a sacrificar tudo que mais amava.

Agora, sua salvação pode estar num último e mais perigoso trabalho. Contratado por Mr. Saito (Ken Watanabe) Cobb deve penetrar o inconciente de Robert Fisher Jr. (Cillian Murphy), o herdeiro de uma grande corporação, e ao invés de extrair seus segredos, introduzir nele uma nova idéia (isso é o que o termo "inception" do título se refere).

Também no elenco, Tom Berenger, Pete Postlethwaite, Lukas Haas e Michael Caine como o mentor de Cobb.

O projeto foi apresentado a Warner em 2001, mas o estúdio preferiu aguardar. Na época, o diretor ainda não havia adquirido a experiência necessária para comandar uma grande produção. Depois de Batman Begins e O Cavaleiro das Trevas, Nolan concluiu que o filme precisaria de um grande orçamento, pois "quando se entra no terreno dos sonhos, o potencial da imaginação humana é infinito. Dessa forma, a escala da produção precisa se igualar ao tema, dando a impressão de que é possível chegar a qualquer lugar ao fim do filme".

Sonhos são a matéria básica desta super-produção que consumiu US$ 200 milhões e inclui locações na Inglaterra, Canadá, Japão e Marrocos. As filmagens iniciaram-se em Tóquio, com a cena onde Saito contrata Cobb sobrevoando a cidade num helicóptero. Já na Inglaterra, a produção converteu um antigo hangar aeronáutico para abrigar os cenários do bar do hotel que podia inclinar-se a um ângulo de 30 graus. Lá, também foi construído o longo corredor do hotel, capaz de rodar 360 graus para captar a sensação da distorção de gravidade.

O grande orçamento possibilitou um visual mais realista, reforçando a percepção da platéia sobre a ação em ambientes fantásticos. Nolan optou por equilibrar os efeitos em computação gráfica com grandiosos e complexos sets, como o interior de um castelo japonês do século 16, a escada infinita baseada na obra do ilustrador holandês M. C. Escher e a rua devastada pela passagem de uma locomotiva.



A Origem teve sua premiére mundial no Leicester Square, em Londres, onde foi aclamado com entusiasmo pela platéia.

A reação da crítica também foi positiva: "A conceptual tour-de-force!", "Uma grande realização! Bem-vindo à terra desconhecida!", "Nolan apresenta mais uma obra genuínamente original!", "...parece uma ficção de William Gibson adaptada por Stanley Kubrick!". Esta foi a repercussão causada pela obra mais recente de Christopher Nolan, um cineasta que se supera a cada filme.


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